quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Há uma verdade? Onde mora? Onde se aprende?

“A verdade não existe. Se a verdade existisse, teria de existir desde sempre e então ter-nos-íamos apercebido de que, além das mudanças de todo o tipo que acontecem, e continuarão a acontecer, haveria qualquer coisa que se manteria imutável, constante, e essa seria a verdade. Não há nenhuma verdade dessas; há muitas verdades, e têm de lutar umas com as outras e depois logo se vê o que resulta. Resultará uma ou outra verdade, mas serão sempre verdades transitórias, que abrem ou fecham caminhos. A verdade com maiúscula não é coisa que exista, embora algumas pessoas, creio, acreditem que sim e vivam ou tentem viver em função disso. Para mim, a verdade não existe. Não há verdades históricas e acabou”.
José Saramago

“Onde está? Onde se aprende? Para lá das verdades que se esmordaçam umas às outras, das filosofias que se combatem e mutuamente se desautorizam, dos políticos que se justificam no morticínio, das religiões que se odeiam até à morte, dos deuses que se subornam para serem do nosso partido, para lá da feira horrísona em que se baralham e trespassam e se enovelam como cães, para lá de todos os ódios com que se justifica o amor, há-de haver uma  verdade única e mais alta com que todas as outras se calem e acalmem e adormeçam na sua paz final. É a verdade do Homem, a verdade primeira. Onde mora? Onde se aprende?”
Vergílio Ferreira

“(…)Há uma verdade? É difícil responder a isto, se nos colocarmos no plano dos factos e, sobretudo, se aceitarmos que a verdade é “alguma coisa que se poderia encontrar” como o ouro na areia ou o caroço num fruto. Nunca poderemos ter uma verdade deste tipo. (…) Com efeito, aquele que crê possuir verdade como algo de indubitável é um ser perigoso: tem tendência para exigir do outro “a conversão ou a morte”, depressa se torna intolerante ou fanático. Ora, nós sentimos de uma forma irresistível, e a história confirma, que o fanatismo tal como o dogmatismo são mestres em erros e crimes.”
Roger Mucchielli

Contribuição da Professora Fernanda Margarida Botelho, docente de Filosofia na Escola Secundária de Camilo Castelo Branco de Vila Real

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